A presente comunicação tem por objetivo investigar o lugar destinado por Platão ao mito – base da educação tradicional –, em sua proposta de instauração de uma nova paidéia, propugnando uma paulatina descaracterização dos elementos míticos. Nessa nova proposta de formação educacional, a racionalidade do pensamento e, logo, das ações encontrar-se-ia em franca oposição a antiga 'formação mítica' que, segundo o filósofo, favorecia a um entorpecimento dos valores morais. Sendo um trabalho bibliográfico, no primeiro momento, fundamentados na Paidéia de Werner Jaeger (2003), intentamos analisar os mitos homéricos e a excelência heróica, Arete, em sua função educadora do povo heleno. E, partindo deste enfoque, num segundo momento, apresentamos Platão em seu embate com a tradição formadora do homem grego, sendo que para essa discussão, tomamos como texto de apoio o prefácio à Platão, de Eric Havelock (1996), onde o autor aponta as razões do filósofo para desprestigiar os poetas como legítimos instrutores e formadores do cidadão o que, segundo nossas conclusões, justificaria a intenção platônica de exaurir a força dos mitos, descaracterizando-os e, por fim, extinguindo-os dentro da sua paidéia.
Por: Eliumar Carlos
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Platão; Paidéia; Mito; Descaracterização.
2 comentários:
olá caro colega,
Gostei muito do teu texto por isso faço-lhe uma pergunta que, aliás é uma provocação.
Platão pregou a expulsão dos poetas e dos mitos, contudo, de acordo com o teu texto, ele pretendia a despersonificação dos mitos, muito bem. vc não acha que nós também não passamos por uma fase semelhante quando alguns historiadores querem despesonalizar o descobrimento do Brasil, a proclamação da República, a fiqura do tiradentes e enfim todo aquilo que temos como simbolo de afirmação do sentimento patriótico. Vc não acha que pode haver um prejuízo com uma ruptura desses valores?
Bem, talvez Platão acreditasse que o prejuízo maior estivesse em se manter tão alheio à razão das coisas.
É bom lembrarmos que os mitos gregos, os mais antigos, não eram frutos de uma mentira engendrada com o fito de esconder a falácia da construção de um povo. Entretanto, no momento em que Platão vivia, tais mitos estavam sim, sendo usados, na visão do filósofo, com intenções torpes.
Agora, em relação à tais "mitos" brasileiros, a quantidade de documentos do período dá abertura para que se pesquise e, se necessário, se conte uma história o mais verídica possível. Quem sabe assim possamos nos identificar enquanto um povo.
Ou seja, a questão dos gregos poderia ser dividida em dois momentos, um primeiro originado da necessidade de explicação de situação que estavam fora de uma razão acurada; e um segundo, em que tais explicações passaram a ser usadas propositadamente para manipular a razão dos cidadãos.
No nosso caso, porém, só existiu um momento, o segundo. Fomos "inventados" já como uma mentira.
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