quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

O status do Mito na República de Platão.

A presente comunicação tem por objetivo investigar o lugar destinado por Platão ao mito – base da educação tradicional –, em sua proposta de instauração de uma nova paidéia, propugnando uma paulatina descaracterização dos elementos míticos. Nessa nova proposta de formação educacional, a racionalidade do pensamento e, logo, das ações encontrar-se-ia em franca oposição a antiga 'formação mítica' que, segundo o filósofo, favorecia a um entorpecimento dos valores morais. Sendo um trabalho bibliográfico, no primeiro momento, fundamentados na Paidéia de Werner Jaeger (2003), intentamos analisar os mitos homéricos e a excelência heróica, Arete, em sua função educadora do povo heleno. E, partindo deste enfoque, num segundo momento, apresentamos Platão em seu embate com a tradição formadora do homem grego, sendo que para essa discussão, tomamos como texto de apoio o prefácio à Platão, de Eric Havelock (1996), onde o autor aponta as razões do filósofo para desprestigiar os poetas como legítimos instrutores e formadores do cidadão o que, segundo nossas conclusões, justificaria a intenção platônica de exaurir a força dos mitos, descaracterizando-os e, por fim, extinguindo-os dentro da sua paidéia.

Por: Eliumar Carlos

Download do texto na íntegra em:
http://mihd.net/gtu7fy
Cliquem em Request Download Link.

Platão; Paidéia; Mito; Descaracterização.

2 comentários:

Átila disse...

olá caro colega,
Gostei muito do teu texto por isso faço-lhe uma pergunta que, aliás é uma provocação.
Platão pregou a expulsão dos poetas e dos mitos, contudo, de acordo com o teu texto, ele pretendia a despersonificação dos mitos, muito bem. vc não acha que nós também não passamos por uma fase semelhante quando alguns historiadores querem despesonalizar o descobrimento do Brasil, a proclamação da República, a fiqura do tiradentes e enfim todo aquilo que temos como simbolo de afirmação do sentimento patriótico. Vc não acha que pode haver um prejuízo com uma ruptura desses valores?

Ramuile disse...

Bem, talvez Platão acreditasse que o prejuízo maior estivesse em se manter tão alheio à razão das coisas.
É bom lembrarmos que os mitos gregos, os mais antigos, não eram frutos de uma mentira engendrada com o fito de esconder a falácia da construção de um povo. Entretanto, no momento em que Platão vivia, tais mitos estavam sim, sendo usados, na visão do filósofo, com intenções torpes.
Agora, em relação à tais "mitos" brasileiros, a quantidade de documentos do período dá abertura para que se pesquise e, se necessário, se conte uma história o mais verídica possível. Quem sabe assim possamos nos identificar enquanto um povo.
Ou seja, a questão dos gregos poderia ser dividida em dois momentos, um primeiro originado da necessidade de explicação de situação que estavam fora de uma razão acurada; e um segundo, em que tais explicações passaram a ser usadas propositadamente para manipular a razão dos cidadãos.
No nosso caso, porém, só existiu um momento, o segundo. Fomos "inventados" já como uma mentira.